
– Vamos passar o Natal em Gramado? 😮
– Sim. De que ano? 😀
– 2002, este ano. 😮
– Mas isso é daqui a 3 dias. 🙄
– Então se arruma logo que dá tempo. Saímos amanhã pela manhã. 😮
TiaBeth e eu não temos o hábito de planejar viagens com mais de dois dias de antecedência. Desta vez resolvemos ir para Gramado, a bela cidade gaúcha, passar o Natal. Já havia ligado para o hotel e por ter havido uma desistência, hospedagem não seria problema naquela época tão concorrida.

Pela manhã cedo, de automóvel, seguimos rumo ao sul do país. A viagem para Gramado sempre é agradável, pois nos dá a oportunidade de visitarmos Curitiba, cidade onde TiaBeth passou boa parte de sua infância. Ao sairmos do Rio, vamos direto à capital paranaense sem nunca ter ao certo onde ficar. À noite visitamos o Batel para aproveitar os bares da região. No ano de 2002, lembro-me que fazia um frio incomum para o verão.
Na manhã do dia seguinte, retomamos nossa viagem a Gramado pela BR-116, estrada que cruza o interior dos estados do sul. No caminho, poucas cidades, o que torna a viagem mais tranquila. Porém, por volta da hora do almoço, ainda estávamos na metade do estado de Santa Catarina em meio ao nada, quando:
– Estou com fome. Preciso comer porque já estou tendo uma hipoglicemia. 😮
– OK. Deixa passarmos por uma parada boa. 😮
– Mas aquela ali que passou era boa. Estava cheia de carros estacionados na porta. 🙁
– Era nada. Mais diante encontraremos uma melhor… 🙄
…… … … … … ..(Meia hora depois.) … … … … … …
– Você não quis parar lá atrás. Agora eu estou aqui passando mal. Preciso comer. 👿
– Calma. Já tamos chegando. 🙄
– Onde??? Quanto tempo?? 👿
– Logo ali na frente. Segura mais um pouquinho. 🙄

Desnecessário dizer que as cobranças foram se intensificando, a velocidade aumentando até que em certo ponto, antes de passarmos pela cidade de Lages/SC, surgiu um restaurante na beira da estrada onde paramos e rapidamente fomos para seu interior.

Havia um maravilhoso buffet e TiaBeth serviu-se com suas coloridas saladas enquanto eu me satisfazia com grelhados e massa. Finalmente pude relaxar. Sentamos à mesa e começamos a conversar enquanto almoçávamos.
De repente um barulho atrás de mim: vários copos ou pratos caindo no chão, pensei. Mas como isto é comum de ocorrer em restaurantes, continuei minha refeição sem olhar. Porém, ao verificar um movimento estranho ao redor, resolvi me virar e tive uma grande surpresa: um automóvel invadiu o restaurante quebrando as portas de vidro. E pior, era meu o carro.
Ao estacionar, devido a pressa em satisfazer os desejos hipoglicêmicos de TiaBeth, não devo ter puxado o freio de mão corretamente. Estando estacionado em inclinação, provavelmente tão logo o carro esfriou, desceu ladeira abaixo quebrando tudo.
Ao ver aquela insólita cena, ainda tentando imaginar o que acontecera, interrompi minha refeição e fui olhar de perto o incidente, afinal, eu era o responsável direto por aquela confusão. Para minha sorte, naquela hora o restaurante estava vazio e ninguém foi atingido. O consolo foi que o automóvel mal arranhou.
Entrei no carro e dei uma ré subindo as escadas. Limpei os cacos, acertei o prejuízo com o dono do restaurante, paguei a conta do meu meio almoço e segui viagem, desta vez sem outros imprevistos.
TiaBeth não teve mais fome até a gente chegar em Gramado. 😯




Clique na imagem para ampliar.
Ney Limonge é psicanalista, engenheiro elétrico e casado com Raquel Limonge, diabética do tipo 1 e protagonista das suas histórias. Escreve o blog Psicoanalisando quando lhe sobra tempo e também o Blog da TiaBeth. Ele não tem diabetes.