Em adultos jovens com diabetes tipo 1, o medo auto-relatado de hipoglicemia foi associado com uma maior variabilidade glicêmica, aumento da ingestão calórica e redução da atividade física, de acordo com os resultados de um estudo.
“Apesar dos modernos regimes de tratamento do diabetes como a terapia com uso da bomba de insulina, todos os participantes relataram possuir, em algum grau, um medo de hipoglicemia“, escreveu Pamela Martyn-Nemeth, PhD, RN, professora assistente na Universidade de Illinois em Chicago College of Nursing, e colegas.
“Reconhecemos que algum grau de preocupação com a hipoglicemia é adequadamente adaptável e serve como mecanismo de proteção para prevenir a hipoglicemia com risco de vida. No entanto, níveis elevados de medo da hipoglicemia, podem levar a uma maior ansiedade e resultar em atraso na reação ou reação inadequada”.
Martyn-Nemeth e colaboradores analisaram dados de 35 adultos com diabetes tipo 1 usando a terapia com bomba de insulina (idade média, 26 anos, 63% mulheres, duração média do diabetes, 13 anos e 88% brancos). Os participantes preencheram a Escala do Medo de Hipoglicemia II e registraram seu medo de hipoglicemia usando uma escala de 5 pontos escrevendo em um diário.
Os episódios de hipoglicemia – incluindo o tempo gasto durante os episódios de hipoglicemia – foram medidos por monitorização contínua da glicose (CGM) e também registrados no diário. Os participantes completaram os questionários de freqüência alimentar e usaram monitores de atigrafia para registrar a atividade fisiológica contínua.
Os pesquisadores analisaram as associações internas e interpessoais do medo diário de hipoglicemia, variabilidade da glicose e comportamentos de autogestão (ingestão de carboidratos, dose diária de insulina e atividade física diária), controlando sexo, idade, duração da diabetes, episódios hipoglicêmicos e HbA1c. Também utilizaram um modelo de efeitos mistos lineares para identificar preditores globais de variabilidade glicêmica.
Dentro da amostragem, ocorreram eventos hipoglicêmicos registrados diariamente em uma média de uma vez por dia; Os dados derivados do CGM foram consistentes com eventos registrados nos diários, ocorrendo uma média de 1 hora por dia. Eventos hipoglicêmicos registrados no diário foram associados com medo de hipoglicemia noturna ( P = 0,018), de acordo com os pesquisadores.
Eles observaram que a variabilidade glicêmica geral foi predita pelo medo matinal de hipoglicemia e ingestão diária de carboidratos. Medo de hipoglicemia pela manhã foi associado com a variabilidade no mesmo dia ( P = 0,011) e os níveis de medo na noite anterior foram associados com variabilidade glicêmica no dia seguinte ( P = 0,007).
O medo da hipoglicemia também foi associado com uma maior ingestão de calorias ( r = 0,492; P = 0,003), ingestão de carboidratos ( r = 0,424; P = 0,012) e menor atividade física ( r = -0,341; P = 0,045). O índice HbA1c não foi associado a quaisquer medidas de medo.
As descobertas, observaram os pesquisadores, sugerem que o medo diário de hipoglicemia serve como um “estressor psicológico” que influencia a variabilidade da glicose no curto prazo.
“Nossas descobertas devem ser interpretadas com cautela devido à pequena amostra e natureza exploratória do estudo”, escreveram os pesquisadores. “No entanto, levantam questões importantes relativas à associação do medo de hipoglicemia com a variabilidade glicêmica e a necessidade de examinar esses fatores ainda mais para desenvolver intervenções a fim de reduzir ou gerenciar o medo de hipoglicemia para promover resultados saudáveis em diabetes”.