Sabemos que, no início, o diabetes geralmente não apresenta sintomas ou dor, mas há certos sinais que acendem uma luz de alerta. Você sabia que pessoas diagnosticadas com a doença podem ter a saúde bucal alterada? Segundo especialistas, elas são mais suscetíveis a desenvolver infecções na boca. Mas, por que isso acontece?
A diabetes pode influenciar na saúde bucal, assim como as doenças da cavidade bucal podem prejudicar o controle da glicemia. Para a endocrinologista, Camila Salim, os pacientes com diabetes tem risco aumentado de desenvolver problemas bucais devido à alteração na circulação sanguínea dos tecidos da boca, assim como a redução da produção da saliva (boca seca).
“Esses fatores favorecem o desenvolvimento de doenças bucais. Além disso, o aumento da glicose sanguínea facilita a proliferação de bactérias e dificulta a cicatrização. Por isso pequenos ferimentos na gengiva já podem levar à infecções locais e problemas maiores”, explicou.
Segundo a especialista, quando a doença não é controlada o risco de desenvolver as infecções é consideravelmente maior, no entanto, mesmo os controlados precisam tem ter grande atenção aos cuidados. “O controle diminui a chances de complicações, mas pacientes com diabetes precisam de avaliação odontológica periódica para prevenção e controle”, ressaltou.
De acordo com a dentista, Polyane Alencar, o principal problema de pessoas com diabetes são as inflamações na gengiva, que podem até ocasionar a perda óssea. A chamada doença periodontal. “Outros problemas são a dificuldade na cicatrização de feridas na cavidade bucal, infecções oportunistas como candidíase oral, xerostomia (boca seca) e o mau hálito”, detalhou.
Tenho diabetes. Que cuidados devo ter?
As duas especialistas pontuaram que a avaliação odontológica periódica é de extrema importância, bem como ter atenção a alterações na gengiva, ficar atento a sua coloração, se há presença de sangramento ou anormalidades, higienização adequada e hidratação são essenciais para prevenir as inflamações.
“Escovação diária com escova macia e pasta com flúor em quantidade adequada, sempre após as refeições, uso do fio dental, hidratação constante. Consultar cirurgião dentista regularmente para manutenção da saúde bucal é de extrema importância”, alertou Alencar.
A diabetes é uma condição crônica e hormonal, caracterizada pela insuficiência total ou parcial de insulina ou falta de resposta inadequada dos tecidos periféricos à insulina, o que leva ao aumento do nível de glicose (açúcar) no sangue.
Segundo Alencar, a presença desse açúcar no sangue, causa falha na comunicação entre as células de defesa, levando a demora na proteção ao organismo e, por consequência, a dificuldade em combater as infecções. “Pacientes diabéticos tem pobre resposta celular, ou seja, as células não agem muito bem, sendo assim, não conseguem “lutar” contra as bactérias patogênicas bucais, o que leva aos problemas bucais”, pontuou.
Em relação a sua classificação, as manifestações são causada pela ausência de produção de insulina (tipo 1) ou pela deficiência na ação da insulina (tipo 2). “O diabetes tipo 2 pode também evoluir com deficiência na produção de insulina, mas grande maioria apresenta o tipo 2”, ressaltou a endocrinologista Salim.
Os principais fatores de risco são a obesidade, histórico familiar, alimentação inadequada e sedentarismo. “É importante citar que o tipo 2 geralmente é assintomático e mais da metade dos pacientes que tem diabetes não sabem que tem a doença”, frisou Salim.
Entre os sintomas mais comuns, estão: sede anormal e boca seca, perda de peso repentina, vontade de fazer xixi a todo instante, falta de energia, cansaço, fome constante e visão embaçada. O tratamento requer injeções de insulina diárias e monitoramento dos níveis de açúcar no sangue.
Anestesia x insulina
De acordo com a especialista Camila Salim, pessoas que usam insulina podem tomar anestesia, normalmente. Inclusive em pacientes que não tenha a diabetes controlada o uso de insulina pode ser indicado antes de procedimentos cirúrgicos.
“Dependendo do tratamento odontológico indicado (principalmente tratamentos cirúrgicos maiores), alguns medicamentos necessitam ser suspensos ou substituídos por outros ou pela insulina”, explicou a endocrinologista.
Cabe destacar ainda, que procedimentos bucais só devem ser feitos em pacientes com controle glicêmico adequado, para evitar infecção, garantir melhor cicatrização e recuperação.