Afinal, a pré-diabetes tem cura? Especialistas acreditam que sim, e que nem todos os pacientes da condição possuem a inevitabilidade de desenvolver a diabetes tipo 2. Desse modo, ter um diagnóstico de pré-diabetes pode ser uma chance de prevenção contra a doença.
Em geral, a pré-diabetes não é considerada uma doença. Ela é uma predisposição que indica níveis de açúcar no sangue elevados, mas não tão elevados para serem indicativos da própria diabetes.
No entanto, embora a falta de definição como uma doença, a pré-diabetes é uma condição séria, que além de aumentar os riscos de desenvolver a diabetes, também pode resultar em doenças cardiovasculares e AVCs.
Acredita-se que pacientes diagnosticados com pré-diabetes possuem até 50% de chance de desenvolver a doença. Porém, diversas evidências já comprovaram o efeito positivo de algumas mudanças de estilo de vida no tratamento da “pré-condição”, que vão de alterações na dieta ou na perda de peso.
Portanto, sim, a pré-diabetes tem cura, podendo ser revertida.
Diagnóstico
O diagnóstico da pré-diabetes é um dos métodos usados na prevenção da doença. Infelizmente, a condição em si não apresenta sintomas aparentes, fazendo com que ela seja difícil de diagnosticar — mais de 84% das pessoas com a predisposição não sabem por conta da ausência de sintomas.
Por isso, profissionais da saúde recomendam o check-up médico frequente para pessoas que possuem predisposições relacionadas à diabetes, ou pessoas com risco de desenvolvê-la. Você pode estar em maior risco de pré-diabetes devido a:
- Idade (45 anos ou mais)
- Genética (pessoas com parentes próximos que possuem a doença)
- Quadros passados de diabetes gestacional
- Condições hormonais
- Distúrbios do sono
- Obesidade ou sobrepeso (IMC acima de 25)
- Sedentarismo
- Pressão alta
- Colesterol alto
- Síndrome metabólica
- Tabagismo
A pré-diabetes é diagnosticada através de exames de sangue.
É possível deixar de ser pré-diabético?
Sim, a pré-diabetes tem cura. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, por exemplo, providenciam um programa com diversas mudanças capazes de reverter as chances de desenvolver diabetes em até 58% — ou 71% em pessoas acima dos 60 anos.
O programa inclui:
- Exercícios físicos guiados por especialistas
- Mudanças na dieta
- Gerenciamento de estresse
- Apoio de pessoas com objetivos similares
Contudo, em geral, algumas dicas podem ajudar a reverter a situação. Confira-as:
1. Diagnóstico
Após conferir os fatores de risco e, principalmente o IMC, faça uma consulta com um profissional de saúde e peça por exames que possam diagnosticar a condição. Ao obter o diagnóstico, o profissional poderá indicar o melhor plano a ser seguido dependendo de seu quadro.
2. Perda de peso
Especialistas acreditam que o melhor meio de reverter a pré-diabetes é perdendo cerca de 5% do peso corporal.
Com a indicação médica, é mais fácil seguir um plano adequado para o seu tipo de condição. No entanto, também é importante encontrar métodos que funcionam para você, seja no corte de calorias ou com exercícios específicos.
Em geral, cortar de 500 a mil calorias por dia pode influenciar a perda de peso em até mais de 400 gramas por semana.
Enquanto a limitação de calorias pode ajudar, especialistas também acreditam que pequenas mudanças no dia a dia também são eficazes na perda de peso. De acordo com o professor Naveed Sattar, especialista em obesidade de Glasgow, parar de colocar açúcar no café ou no chá diariamente já é um passo para o emagrecimento — mas que deve ser seguido por outras alterações frequentes na dieta. (1)
3. Dieta
Um maior consumo de fibras pode auxiliar no emagrecimento e, consequentemente, ajudar na reversão da pré-diabetes.
Um estudo publicado em 2011 comprovou que a cada aumento de dez gramas no consumo de fibra solúvel, o ganho de gordura da barriga diminui em 3,7% em um período de cinco anos. Os alimentos ricos em fibras também aumentam a sensação de saciedade, podendo ajudar no controle da fome. Além disso, alguns estudos mostram que o aumento da ingestão de fibras alimentares ajuda a perder peso ao reduzir a ingestão de calorias (confira aqui os estudos a respeito: 9, 10).
O consumo de proteínas também ajuda na perda de peso, aumentando a taxa metabólica e ajudando a reter massa muscular.
4. Caminhadas
Que os exercícios físicos ajudam no tratamento da diabetes ou na reversão da pré-diabetes não é uma surpresa. Entretanto, muitas pessoas desconsideram ou subestimam o poder da caminhada.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, um adulto de 18 a 64 anos precisa fazer de 150 a 300 minutos de atividade física aeróbica de intensidade moderada ou de 75 a 150 de intensidade vigorosa por semana. Isso equivale a cerca de 30 minutos por dia, cinco ou sete dias por semana.
Para que a caminhada seja considerada uma atividade física de intensidade moderada, é necessário atingir a velocidade de 100 a 130 passos por minuto. Porém, especialistas acreditam que andar até 500 passos extras pode ajudar — fortalecendo os músculos, melhorando a qualidade de sono e até mesmo ajudando a conter o apetite.
5. Estresse
O estresse em si não é uma causa da diabetes, porém, ele pode aumentar os níveis de açúcar do sangue e consequentemente, levar à condição. Em momentos de estresse, o corpo libera adrenalina e cortisol, hormônios que podem dificultar a ação da insulina, resultando na resistência à insulina
E, apesar de existirem provas de que os hormônios do estresse não possuem capacidade de afetar a produção de insulina em grandes níveis, especialistas acreditam que pessoas com pré-diabetes podem se beneficiar do gerenciamento de estresse.
Por isso, métodos como a meditação, yoga ou até mesmo a caminhada meditativa podem auxiliar na reversão da pré-diabetes. Um estudo de 2016, por exemplo, afirmou os benefícios da caminhada meditativa para pacientes de diabetes tipo 2. Foi confirmado que a prática consegue melhorar os níveis de açúcar no sangue e a circulação. Seus resultados mostraram-se melhores que a caminhada normal.
Conclusão
Assim, é possível concluir que a pré–diabetes tem cura, mas que deve ser tratada seguindo as recomendações médicas e com algumas mudanças pessoais que podem ser adaptadas para o dia a dia de cada paciente específico. Evite o autodiagnóstico e possíveis complicações da condição e procure orientação de profissionais de saúde se tiver maiores dúvidas.